quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Adaptação e o choro

Eu roubo as horas para lhes dar tempo. Tempo de
aprender a usar o tempo. Quem tem hora não tem
tempo: tempo de olhar o tempo. Será que vai
chover? Será que as flores já abriram? Como será o
arco-íris? Qual a cor dos olhos dos meus amados?
Temos tempo para isso? Não! Isso ocupa muitas
horas. E tocamos nossas vidas, olhando os relógios
que marcam as horas de nossas vidas, e
esquecemos de marcar nossas vidas no tempo!
(MUNDURUKU, 2007, p. 25).

Considerar a dimensão da infância é pensar na nossa relação com o tempo e com o que somos, levando-nos a refletir nossas práticas cotidianas. A noção de infância presente no nosso discurso diz muito da nossa prática, pensar outras infâncias é pensar outras temporalidades. A infância não lida bem com a cronologia, já diz Kohan (2004), devemos buscar não uma relação cronológica, mas sim uma relação mais brincante com o mundo, especialmente na infância.
À medida que vamos conhecendo as crianças, vamos conseguindo lidar com a temporalidade de cada uma, buscando experienciar a cada dia situações diferentes com elas. Cada coisa, á seu tempo!

Falando em início de semestre e em chegada de novas crianças, falamos em adaptação, em conhecer, em novidade, em medos, em inseguranças, em choros... E até em tudo isso há o seu tempo!
"Você não tem motivo pra chorar - Qual o motivo de você estar chorando?" -Há sim, há diversos olhares para o choro da criança, também muito se vive em uma adaptação de escola nova, onde há espaço novo e adultos desconhecidos. Mas isso é uma fase a se superar!
Quando a criança chora é porque ela sente alguma coisa e não consegue nomear aquilo, então o choro é uma forma de chamar atenção. 


Vigotski (2008) faz uma afirmação interessante: 
a atividade da consciência pode seguir rumos diferentes; pode
explicar apenas alguns aspectos de um pensamento ou de um
ato. Acabei de dar um nó – fiz isso conscientemente, mas não
sei explicar como o fiz, porque minha consciência estava
concentrada mais no nó do que nos meus próprios movimentos,
o como de minha ação. Quando este último torna-se objeto de
minha consciência, já terei me tornado plenamente consciente.
Utilizamos a palavra consciência para indicar a percepção da
atividade da mente – a consciência de estar consciente.

Destaco então, a necessidade de ver o contexto em que a criança esta passando, afinal, ver o contexto significa ver para além daquilo que o choro traz ou observar fatores que ocorrem em função daquela cena. Gosto muito de voltar o meu olhar a criança, para que desta forma, podemos auxiliá-la melhor, compreende-la melhor, e trabalhar suas necessidades de maneira plena. Como estamos falando sobre a adaptação de crianças na creche, em primeiro lugar, me coloco no lugar da criança, percebo a ausência de sua família e a insegurança que isso á remete, penso que a criança ainda não conhece o local em que se inseriu e nem os adultos que se comunica com ela, piora ainda quando a criança não fala e não compreende o que sente, como disse o texto de Vigotski acima.

Por fim, nós professoras consciente desse momento, que não dura um tempo cronológico, mas sim um tempo temporal especifico para cada criança, devemos proporcionar ambientes legais, novos, curiosos, convidativo para a criança querer mexer, descobrir, brincar e se entregar, reconhecendo-se parte daquele ambiente. Podemos também oferecer nosso afeto, nosso carinho, em um colo, em uma música cantada, tocada, em uma brincadeira divertida, em um olhar, deixando a criança conhecer o adulto e professor incrível que és, onde ela possa buscar segurança em você, pois a criança irá perceber que você é a peça chave para um ano inteiro de novos aprendizados e descobertas. 





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